quarta-feira, outubro 31, 2007

Fotos da segunda noite

Nosso segundo dia foi tão maravilhoso quanto o primeiro! A platéia ficou lotada, gente sentada no chão, para ver e ouvir os atores Yumara Rodrigues e Manoel Lopes Pontes. E duas convidadas especialíssimas participaram do evento: a atriz Carmen Bitencourt, membro fundadora do Teatro dos Novos, e Maria Muniz, aluna das primeiras turmas da Escola de Teatro da Ufba.



Sonia Robatto e Roberto Assis (nossos convidados deste último encontro, quarta, 31/10, imperdível!), eu, Maria Muniz e Carmen Bitencourt.
Seguem alguns flashs de nossa diligente equipe.
Crédito das fotos Albérico Manoel, Marcelo Gadelha e Mariana Machado.

As delícias de Haydil, a responsável pela nossa confraternização.

Igor Epifânio, Indaiá e amigo.
Uma rápida olhada na platéia: Ricardo Líper, os entrevistados, nossa convidada especial Carmen Bitencourt, Bião, alunos, professores, amigos e amantes do teatro.

Roberto Assis, Yumara Rodrigues e Sonia Robatto.

Nivaldo Lariú pergunta sobre a crítica.

Marcelo Gadelha (não é parente de Mário!), eu e Yumara Rodrigues

terça-feira, outubro 30, 2007

Imagens da primeira noite


Armindo Bião, Mario Gadelha, Yumara Rodrigues, Roberto Assis, Sonia Robatto, Eu (Jussilene Santana) e Manoel Lopes Pontes.

Coquetel


Parte da turma de jornalismo, Isabela Silveira e Xanda Dumas

Nossa primeira mesa


Mario Gadelha, Wilson Mello, Militão (sabe de coisa do teatro...) e eu.

Teatro NU - equipe 1


Fernanda Bezerra, Gil Vicente e eu.

Márcia Andrade e eu

"Por que a gente não aproveita e faz uma peça junto?"

Foto de Formatura


Manoel Lopes Pontes, Mario Gadelha, Roberto Assis, Sonia Robatto, Yumara Rodrigues e Wilson Mello.

terça-feira, outubro 23, 2007

Mário Gadelha


Mário Gadelha – Ator há mais de cinqüenta anos em Salvador. Fez parte da primeira formação da Sociedade Teatro dos Novos, atuando em centenas de peças e filmes baianos desde então. Mais recentemente participou dos espetáculos Hedda Gabler (1997) com direção de Harildo Deda, e Quincas Berro d´água (1995), com direção de Paulo Dourado. Atuou também nos seguintes espetáculos da Cia de Teatro da Ufba: Seis Personagens a procura de um autor (1981) e Caixa de Sombras (1982). Junto com Wilson Mello, ensaia Terceiro Sinal, com texto de Cláudia Barral e direção de Deolindo Checcucci. Na década de 1950, esteve no elenco de A Grande Estiagem (1956), uma produção da Federação de Teatro Amador da Bahia participante do I Festival Nacional de Teatro, na TV-Tupi (Rio).

Wilson Mello



Wilson Mello – Ator com 60 anos de palco, Mellão é uma das figuras mais conhecidas do teatro baiano. O seu último espetáculo foi Família Drama Show (2006), com texto e direção de Júlio Góes. Junto com Mário Gadelha, atualmente ensaia Terceiro Sinal, com texto de Cláudia Barral e direção de Deolindo Checcucci. Entre seus espetáculos podemos listar: Lábios que beijei (1999), Os Velhos Marinheiros (1998), A Conspiração dos Alfaiates (1992), Quincas berro d´agua (1995), Tango (1987), A Vida de Eduardo II (1986), A Caverna(1985), Ciranda (1984), entre muitos outros.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Yumara Rodrigues

Yumara Rodrigues – Iniciou sua carreira na década de 1950 no grupo amador Teatro de Cultura da Bahia (TCB), coordenado por Nair da Costa e Silva. Atravessou a década de 1960 trabalhando com diversos diretores e grupos da capital e, no início dos anos 1970, tenta a profissão no sul do país, retornando para Salvador em 1974. Três anos depois, monta sob a direção de Manoel Lopes Pontes o grande sucesso Apareceu a Margarida, de Roberto Athayde. Neste texto representava uma professora autoritária, uma metáfora da Ditadura Militar então instaurada no país. Na década de 1980, atua em antológicas montagens da Companhia de Teatro da Ufba, grande formadora do imaginário teatral da cidade, como: Seis Personagens a procura de um autor (1981), Caixa de Sombras (1982), Ciranda (1984), A Caverna (1985) e Sr. Puntilla e seu criado Matti (1987). Atuou ainda em Dias Felizes (1985) , Castro Alves e A Mais Forte (1997). Em 1998, atua em dois textos de Bertolt Brecht: Mãe Coragem e O Círculo de Giz caucasiano. Em 2000, lançou o CD de poesias Primeira Comunhão e, ano seguinte, a peça Alzira Power. Em 2006, participou de leituras do O pagador de promessas e A Ópera dos Três Tostões.

domingo, outubro 21, 2007

Manoel Lopes Pontes

Manoel Lopes Pontes – Ator e diretor. Iniciou carreira ao entrar como aluno na segunda turma da Escola de Teatro da Ufba, em 1957. Em 1961, formou o segundo grupo profissional de teatro da Bahia, o Teatro de Equipe, estreando com a peça Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Viana Filho. Em 50 anos de carreira, já montou mais de 60 espetáculos, 32 deles para o público infantil. O Teatro de Equipe atravessa a década de 1960, objetivando montar autores nacionais, de apelo popular, e apresenta Do Tamanho de um Defunto, de Millôr Fernandes. Após um longo período de inatividade, o Teatro de Equipe monta os infantis O Rapto das Cebolinhas, de Maria Clara Machado, e As Aventuras de Ripió Lacraia , de Francisco Pereira da Silva, o que termina abrindo o interesse de Pontes para o teatro infantil. Na Escola de Teatro participou de A Almanjarra (1958) e A Ópera dos Três Tostões, entre outros.

Roberto Assis

Roberto Assis – Ator e diretor baiano também formado na primeira turma de alunos da Escola de Teatro da Ufba, em 1959. Roberto Assis desde 2001 dirige e coordena o Teatro da Barra. Ainda na Escola, participou dos espetáculos A Sapateira Prodigiosa (1959), Diálogo de Mofina Mendes (1959) e da polêmica montagem A Ópera dos Três Tostões . Participou do elenco do espetáculo inaugural da Escola, Auto da Cananéia (1956), ao lado da também veterana Nilda Spencer, que infelizmente não participará deste primeiro ciclo de entrevistas por problemas de saúde.

sábado, outubro 20, 2007

Sonia Robatto

Sonia Robatto – Atriz e escritora. Fez parte da primeira turma de alunos da Escola de Teatro da Ufba. É membro-fundadora da Sociedade Teatro dos Novos, primeira companhia profissional de teatro da Bahia (1959), criadora do Teatro Vila Velha (1964). Na Escola de Teatro participou dos espetáculos A Almanjarra (1958), A Via Sacra (1958) e As Três Irmãs (1958). É autora de mais de 400 histórias infantis publicadas em livros, revistas e fascículos. Desde 1969 atua no mercado editorial quando criou e dirigiu, para a Editora Abril, a Revista Recreio, um marco nas publicações infantis brasileiras, onde lançou nomes hoje consagrados na literatura infantil como: Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Joel Rufino dos Santos e tantos outros. Seu livro Pé de Guerra foi adaptado para o teatro por Márcio Meirelles, e no espetáculo, representou ela própria. A peça foi premiada com o Copene de melhor montagem em 2001.

terça-feira, outubro 16, 2007

50 anos de história na voz de seus protagonistas

O Teatro NU realiza entre os dias 29 e 31 de outubro, às 19h, no Instituto Cervantes, na Ladeira da Barra, o ciclo de entrevistas Memória do Teatro na Bahia . O evento reúne atores e diretores oriundos das primeiras turmas de profissionais do estado, artistas atuantes na área há mais de 50 anos. Além de promover a interação entre as diferentes gerações artísticas, o encontro pretende levantar informações sobre a história do teatro baiano, seus principais espetáculos e bastidores.

Os encontros ocorrem em três dias consecutivos, sempre as 19h, com entrevistas mediadas pela atriz e jornalista Jussilene Santana que investiga a poética e a história do teatro baiano no doutorado do Programa Pós-Graduação em Artes Cênicas da Ufba (PPGAC). Mario Gadelha, Wilson Mello, Yumara Rodrigues, Manuel Lopes Pontes, Roberto Assis e Sonia Robatto falam sobre suas respectivas carreiras, formação e questões artísticas.

Durante a conversa, serão exibidas fotos e matérias de jornal contando a vida e a obra dos atores. As imagens pertencem ao arquivo pessoal dos convidados e ao acervo de Jussilene, levantado em pesquisa aos jornais A Tarde e Diário de Notícias, entre os anos de 1956 e 1961. O período é de particular relevância histórica porque nele foram criados a Escola de Teatro da Ufba (1956) e o Teatro dos Novos (1959), fundador do Teatro Vila Velha (1964).

O surgimento da Escola de Teatro marca a transição de um período no qual o teatro em Salvador era entendido como uma atividade diletante e amadora, para o reconhecimento de que o trabalho na área representa um campo autônomo, profissional e artístico.

Na noite de abertura está previsto um encontro no qual se espera fotografar os seis convidados, parte da primeira turma de veteranos ainda em atividade. Como prova desta rara vitalidade, nesta mesma semana, os atores Mário Gadelha e Wilson Mello estréiam o espetáculo Terceiro Sinal, texto de Cláudia Barral, com direção de Deolindo Checcucci, segunda montagem a subir ao palco do recém-inaugurado Teatro Martim Gonçalves.

Também com o objetivo de organizar sistematicamente a memória da área, as entrevistas-depoimento serão filmadas, sendo os textos transcritos e disponibilizados no blog do Teatro NU ( http://teatronu.blogspot.com/).

A transcrição será realizada por alunos do ensino médio de escolas públicas e por universitários da área de jornalismo e teatro, o que reforça o caráter pedagógico do evento. As unidades de ensino apoiadoras são: Colégio Estadual Manuel Novaes, Colégio Estadual Odorico Tavares, Colégio Estadual Edgar Santos, Liceu de Artes e Ofícios, Faculdade da Cidade do Salvador e Universidade Federal da Bahia.

O Teatro NU está em busca de patrocínio para que mais edições do encontro sejam realizadas, com muitos outros artistas. Nesta primeira etapa, foram ouvidos os atores que começaram suas atividades ainda nos anos 1950.

O evento, que é gratuito, é um dos nove contemplados da 1ª edição do Prêmio Carlos Petrovich, e está sendo realizado com o apoio do Governo do Estado, Secretaria de Cultura e Fundação Cultural do Estado (Funceb). Os interessados que comparecerem aos três dias do evento receberão certificado registrado pelo Instituto Cervantes, com carga horária.

O que deve ser salvo de esquecimento?


De acordo com Jussilene, é imprescindível partilhar com as novas gerações das artes cênicas as origens e os nomes que contribuíram para a formação do campo profissional no estado. "Não é raro se associar a falta de criatividade e de ação dos artistas contemporâneos ao desconhecimento por soluções técnicas e poéticas de seus predecessores. Como caminhar, como criticar, sem saber o que já foi feito? O problema é que estamos inventando a roda a cada geração", destaca. "É importante que as experiências não sejam entendidas num sentido moral, como certas ou erradas, mas que pelo menos elas sejam consideradas como experimentos poéticos", detalha

Ainda de acordo com a pesquisadora, pela própria efemeridade do fazer teatral, é necessário que ações como estas sejam tomadas com urgência para a dinamização de sua memória. "Além do mais, parte da formação de seus novos membros depende deste olhar, deste rememorar. Não é nenhuma surpresa o fato de que cada vez mais os novos atores se baseiam apenas nos métodos ligados ao naturalismo televisivo para desenvolver suas personagens", analisa.

Citando Hannah Arendt, Jussilene afirma que: "É necessário um juízo comum sobre o que é valioso e digno de ser salvo do esquecimento". Para ela, o ciclo é uma rara oportunidade de confrontar as diferentes memórias dos atores sociais de um período significativo para a implantação do teatro profissional no estado e, em comum, debater atos e questões que merecem ser registrados. "O relembrar é individual, mas a memória é uma construção coletiva", finaliza.

Programação - Sempre as 19h

29/10 – segunda-feira – Wilson Mello e Mário Gadelha
30/10 – terça-feira – Yumara Rodrigues e Manoel Lopes Pontes
31/10 – quarta-feira – Roberto Assis e Sonia Robatto

Concepção e organização

O grupo Teatro NU existe há um ano e meio sob a organização dos doutorandos Jussilene Santana e Gil Vicente Tavares. O Teatro NU acredita na força do texto e da dramaturgia, no estudo da história e no exercício da crítica. Pretende pesquisar e montar textos da dramaturgia clássica e contemporânea, assim como busca criar canais de debate entre autores locais e centros nacionais e internacionais que trabalhem com o "teatro da palavra".

Em 2006, o Teatro NU montou o espetáculo Os Amantes II, de Gil Vicente Tavares, texto também lido neste mesmo ano em Roma, na Itália. O grupo organizou ainda outras duas leituras dramáticas com textos de Bertolt Brecht, além de promover, desde seu início, uma série de matérias e textos opinativos em seu blog.

Neste evento também integram a equipe Teatro NU, as estudantes de produção cultural da Ufba Fernanda Bezerra, Mariana Machado e Ana Paula Vasconcelos e os estudantes de jornalismo da Faculdade da Cidade do Salvador Manuela Furtado e Danilo Moraes.

Os apoiadores do ciclo Memória do Teatro na Bahia são: Instituto Cervantes, LDM, Labfoto-Facom e Dimas. Esta realização do Teatro NU só foi possível por ele ter sido contemplado pelo Prêmio Carlos Petrovich, com o apoio do Governo do Estado, da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia.

sábado, outubro 13, 2007

tradição e contemporaneidade


Chamo técnica a um ato tradicional eficaz (e vocês vêem que nisso ele não difere do ato mágico, religioso, simbólico). É preciso que ele seja tradicional e eficaz. Não há técnica e não há tradição se não há transmissão. É nisso, antes de tudo, que o homem se distingue dos animais: pela transmissão de suas técnicas e, muito provavelmente, por sua transmissão oral. (As técnicas do corpo, Marcel Mauss).

Enquanto iniciante a ainda estudante do teatro, sempre me atenho à transmissão de técnicas para aprimorar meus conhecimentos. E tenho sempre boas surpresas.
Considerando a transmissão de técnicas através da oralidade, da imagem, da percepção, as poucas experiências que tive me ensinaram muito.

Lembro de quando eu fiz a assistência de uma oficina de Luis Carlos Vasconcelos, na Escola de Teatro. Parecia-me algo diferente, original, na época. Eu era mais ignorante ainda do que sou agora, e tomei um susto ao ver – depois de alguns dias de teatro físico, visceral, corporal – um livro de Stanislávski nas mãos de Luis Carlos. Calmamente, ele me explicou que estava estudando o velho russo – suas ações físicas – para aprimorar suas pesquisas teatrais.

Quando a Cena Lusófona me convidou pra passar seis meses em Portugal, tive mais surpresas, mais aprendizado. Na faculdade de teatro de Évora, os alunos estavam estudando Meyerhold, discípulo de Stanislávski, ao mesmo tempo em que no CENDREV, Pierre-Étienne Heymann ensaiava uma versão da Comédia do Pão, de Bertolt Brecht. Dois centros caducos? Com certeza que não, pois nestes mesmos lugares a dramaturgia contemporânea e a linguagem cênica contemporânea dialogavam com o passado.

Diálogo, um dos fundamentos da maioria do teatro ocidental (que não nasceu às margens do rio Ipiranga). Ao assistir duas montagens de Shakespeare, pude confirmar ainda mais essa conversação entre passado e o presente. No Buffes du Nord, pude assistir à versão do Hamlet dirigida por Peter Brook, e vi no Berliner Ensemble uma grande montagem que Claus Peymann fez do Ricardo II.

Foi um aprendizado, pra mim, perceber a sólida formação daqueles atores e encenadores, prontos para se estabelecerem como artistas contemporâneos no que eles têm de melhor; conhecimento das bases que formaram nosso século e estão aí para serem aproveitadas; em montagens novas, particulares e diferentes.

O fato de Grotowski citar Stanislávski já não me surpreende mais. Parece-me tão comum quanto o fato das audições de Pina Bausch partirem do balé clássico. É sempre bom beber na fonte, quando se quer ser novo, até porque, como já dizia Antonio Vieira, o novo é o velho revisitado. Basta olharmos a história e perceber que as técnicas foram transmitidas para serem reestruturadas por cada um à sua maneira.

Não existe geração espontânea na arte. Enquanto estudante do doutorado, a cada semana, descubro um novo livro antigo que aponta questões totalmente úteis e lúcidas para minha tese, ainda engatinhando. Vejo o quanto ainda falta aprender sobre o que já foi feito.

É claro que a autenticidade tem que ser almejada pelo artista consciente. Não há nada mais chato do que teatro brechtiano, artaudiano, satinislavskiano. São as heranças e a forma de lidar com esses pensadores e técnicos que nos formam e nos ajudam na busca de algo particular, pessoal.

“É nisso, antes de tudo, que o homem se distingue dos animais: pela transmissão de suas técnicas...”, nos diz Mauss. Freud imagina o inconsciente como uma superposição de estruturas, tal qual se Roma existisse com todas as suas estruturas arquitetônicas históricas coexistindo ao mesmo tempo (o que, fisicamente, sabemos que é impossível; por acaso estive lá e acho um exemplo perfeito).

Assim também são as técnicas. Quanto mais apreendemos o passado, mais podemos olhar para o futuro.

É senso comum, entre os filósofos contemporâneos, que não podemos ter mais uma arte pura. Estamos todos contaminados pelas informações várias que captamos, seja sensorialmente, intelectualmente ou emocionalmente. Por mais sacrifício que se faça, o artista está sob a influência de um amálgama de sentidos que faz, dele, um ser contemporâneo; mesmo que a fórceps.

O que talvez diferencie o artista atual é o quanto ele conhece e dialoga com a tradição para rompê-la. O rompimento é necessário, mas não de forma inconsistente, espontaneamente gerada, fragilmente inspirada em estilhaços contemporâneos. Sem conhecimento de seu passado, a arte corre o sério risco de se tornar fraca, sem força, sem inteligência (recorrendo à etimologia de palavras que incomodam tanto).


GVT.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Caça aos feiticeiros



Desde que entrei na Escola de Teatro, em 1995, o mestre (em quase todos os sentidos) Harildo Déda, decano das artes cênicas da Bahia, diz que vai se aposentar. Já se passaram 12 anos, e este herói da resistência insiste em fazer teatro.

Semana passada estreou As bruxas de Salem (últimas apresentações dias 11 e 15, 20hs), mais uma montagem de formatura que Harildo dirige, no novo Teatro Martim Gonçalves, e fiquei muito feliz ao ver um teatro novo, tecnicamente bem-feito e estruturado, e com uma peça digna de inaugurá-lo.

Digna por vários motivos. O texto de Arthur Miller chega a ser piegas como um bom filme americano, ingênuo, tendencioso, moralista, mas isso pouco importa. É um texto que funciona para formar alunos que estão se graduando em interpretação, e é bom ver que os alunos funcionam para o texto.

Bem dirigidos, apresenta-se no palco uma plêiade irregular de talentos como se acharia no Buffes du Nord ou no Berliner Ensemble, e isto pouco importa. O que mais salta aos olhos é que Harildo cumpriu seu papel, fazendo um espetáculo coeso e dedicado a seu propósito.

Uns vão dizer: Harildo não é encenador. Outros: é um espetáculo careta. Bem, quanto à primeira questão, perguntem aos atores o que eles aprenderam de interpretação neste processo e verão a coerência do propósito. Quanto à segunda, terei que me submeter a responder aos imbecis apenas para perguntar se quando eles vão pra um concerto com obras de Brahms eles saem de lá com o mesmo questionamento. Vão procurar o que fazer, e fazer bem.

Parece-me um contra-senso ou simples veneno dos incompetentes, visto que só comenta que um espetáculo como esse é careta quem (não) conhece minimamente teatro. E quem conhece minimamente teatro sabe o estilo de Harildo, sabe, talvez, o estilo de Arthur Miller, e deveria saber, ao menos, que uma peça de formatura em interpretação é dos alunos-atores, e não dos egos-encenadores-criativos. É fundamental uma experiência sólida de interpretação.

Dêem graças a deus, caros alunos. As atuais mentalidades e políticas não querem mais ver este tipo de teatro em cena, e vêm com alternativas inconsistentes, desenraizadas e desorientadas.

A montagem traz o auxílio luxuoso da cenografia precisa de Eduardo Tudella, encorpada pela sua luz, feita em meio às confusões com dimers, inaugurações, questões técnicas que não prejudicaram um eficiente trabalho. Uma cenografia provocadora, que nos remete ao anfiteatro grego, onde o palco central é o lugar do julgamento dos atores-personagens. Mas não só. Harildo faz os atores irem ao proscênio dizerem textos que são recados indiretos e diretos aos abutres, hienas e urubus que tentam pousar na nossa sorte. E com isso, Harildo traz o público pra cena, coloca todos no mesmo tribunal.
Não à toa, o personagem herói – indispensável na moralista-pequeno-burguesa peça americana – acaba subindo a platéia, se encontrando com perseguidos e perseguidores da vida real. Ressalto apenas que as janelas do cenário são mal pensadas em termos de troca, bem como não dão contribuição fundamental ao espetáculo.

Não fui ao teatro ver uma encenação, fui ver uma peça de formatura, fui ver alunos que correram pra Harildo na tentativa de fazer teatro estudado, dedicado, sério. Os imbecis hão de dizer que Harildo é realista, e resta-me dizer que estes são os mais atrasados, são os saudosos das décadas de 60 e 70, onde qualquer um fazia teatro, bastava tirar a roupa ou ser desinibido, ou dizer, apenas, que era ator. Qualquer pessoa minimamente antenada vai saber que aquele cenário, com aquelas marcas e com aquela luz não tem nada de realismo. Quando muito, vão se incomodar com o estudo dos personagens, com a dedicação ao texto; que tanto serve a Miller quanto a Beckett, são artifícios que podem, ou não, ser usados, e que me parecem eficientes na formação de um ator que precisa de esteio, base (e não sei se alguém teria em Salvador – no nível de Harildo – formação suficiente pra repassar aos alunos outras técnicas mais afinadas com as vanguardas que, de tão atrasadas, se tornaram a retaguarda da mediocridade).

Harildo manda seu recado. Infelizmente, em tempos de barbárie, não basta apenas o palco. Queria ouvi-lo fora da cena, do teatro, contestando equívocos. Ele e a Escola de Teatro precisam se pronunciar, tomar a frente, afinal, a Escola de Teatro forma profissionais para a cidade, é um espaço de pensamento sobre o teatro nesta cidade, e parece, muitas vezes, não dialogar com ela, visto que não vemos posicionamentos oficiais, questionamentos, discussões.

No candomblé, antiguidade é posto. Aprendi a fazer teatro assistindo Harildo, Yumara, Gideon, Cacá, Joana e tantos outros. Não deixem nossos bruxos serem caçados, injustiçados, ignorados. E que eles se pronunciem, façam, lutem. O Teatro Nu está fazendo um ciclo de entrevistas com seis pessoas que foram alguns dos primeiros profissionais da Bahia, e estão no palco há cinqüenta anos. Isso é uma conquista, uma vitória. Nós, profissionais iniciantes, agradecemos. Uma cidade sem referências, assim como pessoas sem referências, são um vazio que – qual buraco negro – engole a tradição, a história, a arte.

GVT.

terça-feira, outubro 02, 2007

Cenas da reinauguração do Teatro Martim Gonçalves


Acabei de chegar da solenidade de reinauguração do Teatro Martim Gonçalves, na Escola de Teatro da Ufba.

Acompanho as obras há uns três anos, mas não deixou de ser emocionante ver ele prontinho e ... lotado.

A boca de cena é maravilhosa, os camarins estão bem funcionais, a inclinação da platéia permite uma boa visibilidade de todo palco e o ar é geladíssimo. As cadeiras são confortáveis, mas não permitem muita movimentação entre elas.

Bom... Não fui para registrar, portanto, faltam imagens. Só no final resolvi sacar a câmera e capturar algumas fotos.
Jussilene Santana






Juliana Grave, Juliana Bebé, Yumara Rodrigues, Harildo Déda, Fernando Santana e Victor Cayres.



Platéia - cima

Platéia - lado


Olha Mara Leal e Rodrigo Frota

Grazi, Emiliano e o Palco

Coquetel

Cacá Nascimento, Yumara Rodrigues e Catarina Sant´ana
Guaracy e Angela Reis

Jardins


Catarina Sant´ana, Marta Saback e Paulo Cunha

Mais Jardins


Vitório Emanuel, Urias Lima, Edlo Mendes, Jorge Gáspari e Cristiane Pinho.

Jardins


Juliana Grave, Márcia Andrade e José Dantas.

Nos Jardins


Eliene Benício, Gideon Rosa, Fernando Guerreiro e Fernando Marinho.

Nos Jardins


Armindo Bião e Cleise Mendes

Mais fotos


Armindo Bião e Sérgio Fárias