sexta-feira, março 22, 2013

O Silêncio dos Inocentes




Aquele que desconhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, esse é um criminoso. Bertolt Brecht

Boa parte dos leitores desse blog sabe que eu defendi, no início do ano,  uma tese de doutorado sobre a administração Martim Gonçalves, a mítica diretoria da primeira escola de teatro do Brasil ligada a uma instituição universitária, a Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia. Pois bem. Não vou aqui falar da tese em si. Não agora. Mas tratar da recepção que ela vem tendo nos auto-proclamados “meios culturais” ou “meios intelectuais” baianos.   
E vou ser bem direta: a tese que simplesmente desmascara uma das maiores mentiras sociais já produzidas em solo baiano (em solo brasileiro?) nos últimos 50 anos, a tese que apesar de ter sido matéria de veículos de grande circulação local e nacional (A Tarde,  Terra Magazine, Jornal do Brasil Wiki) não provocou nenhuma, absolutamente nenhuma resposta da classe artística, sobretudo a teatral baiana, a sua principal interessada! O que se ouve é um estrondoso silêncio!!! Ou como eu mesma prefiro dizer: “Faça-se luz na cozinha e o máximo que se escuta são os passinhos das baratas”.
Mas como é que é? Quer dizer que ninguém vem mais a público propagar que o pernambucano Martim Gonçalves era “apenas um estrangeiro colonizador?” Aquele “lord inglês” que queria empurrar goela abaixo “um gosto estrangeiro à Bahia?” Que a Escola de Teatro em sua época só pensava em montar – como se isso fosse um problema – “clássicos estrangeiros para o público local”?
E sabe por que ninguém tem mais a coragem de dizer isso em público? Porque a minha tese mostrou – para a minha própria surpresa, pois fui nesse caminho procurando outros horizontes – o quanto a Escola de Teatro de Martim Gonçalves, entre os anos de 1956 e 1961, foi uma instituição central para dar FORMA à cara que a CULTURA BAIANA ainda hoje possui, inclusive ajudando política e economicamente na CRIAÇÃO das cinco GRANDES instituições culturais ainda hoje atuantes no estado. A saber:

1)          O Museu de Arte Sacra – Em 1956, o Convento de Santa Teresa estava desativado e abandonado há mais de 100 anos e abriu as portas ao público não-religioso pela primeira vez na história quando lá Martim Gonçalves conseguiu, após uma tremenda batalha de bastidores entre a Cúria Metropolitana, a Prefeitura e a Universidade,  encenar o Auto da Cananéia, a primeira montagem da ET, escola que ainda não possuía sede e muito menos um teatro. Martim Gonçalves quis então ocupar o convento desativado com a escola de teatro. Mas a resistência católica conservadora deve ter sido grande, afinal, seria demais ocupar um “local sagrado” com algo tão profano como atores... Contudo, Martim/ET ajuda na recuperação do Convento, lança pelos jornais, ainda em 1956, a ideia para ali funcionar um museu de arte sacra e provavelmente ganha pontos políticos na administração universitária, o que explicaria como a Escola de Teatro pode ser a primeira entre as escolas de arte da reitoria Edgar Santos a possuir uma sede, que inclusive deveria ser provisória (mas não foi): O Casarão Santo Antônio. Mais um detalhe: a direção do Museu de Arte Sacra (afinal, inaugurado em 1959) ficou a cargo de um monge beneditino, ordem com a qual Martim Gonçalves tinha profundas relações, tendo inclusive um tio, Dom Gerardo Martins, especialista em... arte sacra!
2)          O Centro de Estudos Afro-Orientais – Em 1959, Agostinho da Silva, o futuro criador do CEAO, pede explicitamente em carta ao professor português Eduardo Lourenço a ajuda de Martim Gonçalves. Pede para que o diretor de teatro interceda por ele junto ao reitor Edgar Santos. Agostinho e Martim se conheciam de muito antes. Agostinho era casado com Judith Cortesão, irmã de Saudade Cortesão, tradutora de vários textos para Martim. Se esse pedido de intermediação já não fosse algo importantíssimo, também é preciso LEMBRAR que será na Escola de Teatro que Agostinho ficará no seu primeiro ano na Bahia, dando aulas, e segundo suas próprias palavras, “sob um disfarce”, enquanto arquitetava o CEAO. Como se esse notório apoio de Martim ao diretor do CEAO também não fosse suficiente, basta olhar as cartas entre Martim Gonçalves e Pierre Verger e saber o quanto os próprios planos de Martim/Verger para a África em 1958/1959 serão executados apenas dois anos depois pelo primeiro funcionário do CEAO a visitar a África: Vivaldo da Costa Lima, em 1960/1961. Outro dado notável: Verger, que ainda era apenas um viajante, que não tinha se fixado na Bahia e não possuía nenhuma base institucional para suas pesquisas em solo africano, pediu o apoio institucional de Martim Gonçalves (“preciso de cartas, Martim, de preferência em inglês”), para, via Ufba, continuar se articulando com instituições africanas. Martim que iria para o Senegal/Nigéria  em 1959, não vai porque ocorre um desentendimento interno com alunos na Escola de Teatro. Mas, ainda assim, Martim financiou,  deu dinheiro, provavelmente americano, ainda em dezembro de 1958, para a gravação de uma roda de Candomblé completa NO PALCO do Teatro Santo Antônio, com o terreiro articulado por Verger.
3)          Museu de Arte Moderna da Bahia – Vamos por partes, porque as relações de Martim Gonçalves e Lina Bo Bardi na Bahia realmente tomaram um bom pedaço da minha tese. E ainda vão tomar muito mais. E tudo começou quando achei POR ACASO uma carta de Lina Bo Bardi, publicada no jornal A Tarde, em que ela defendia Martim, dizendo que a famosa exposição Bahia, na V Bienal de São Paulo, em 1959, foi “pensada, planejada e realizada pelo diretor da ET”, e não por ela, como havia dito dias antes uma nota maldosa publicada no mesmo jornal. Segundo ela, sua “colaboração foi especialmente na parte arquitetônica, estreitamente ligada ao conteúdo da exposição”. Foi a partir dessa descoberta ocasional que todo um mundo de relações se descortinou. Depois da Bienal de 1959, o Mamb – ainda sem sede – realiza em outubro do mesmo ano sua PRIMEIRA exposição NA BIBLIOTECA DA ESCOLA DE TEATRO, retomando a série de atividades organizadas por Martim que aí se realizavam DESDE 1956, de exposições com artefatos populares, chamado de MUSEU DE TEATRO. Martim TAMBÉM já havia realizado ao longo de 1957 e 1958, na França, Itália, Áustria e Bélgica, uma exposição denominada Danças e Teatro Popular no Brasil, onde mostrara ao público estrangeiro, através de fotografias, séries de expressões populares AVANÇADAMENTE consideradas para a época como folclore dramático popular, como os jogos da Capoeira e a Procissão do Bom Jesus dos Navegantes. Repito: isso em 1957. Mais de 50 anos antes da onda etnocenológica que invadiu a pós-graduação da própria Escola de Teatro da Ufba. Para não ter que listar TODO o envolvimento de Martim com a pesquisa de técnicas e formatos populares trabalhados NO INTERIOR da Escola de Teatro, vou citar o título de apenas um dos seus textos, publicado na revista da Música Popular Brasileira, em 1954: “A Indumentária Sagrada do Candomblé da Bahia”. E tem mais: boa parte das atividades do Mamb era executada em parceria com a ET. Afinal, como sustentar o estorvo político que causou a ocupação do Teatro Castro Alves (TCA)? TODOS os “baianos” queriam o TCA para si!! Lina ocupa o foyer e, com Martim, aos poucos começa a penetrar nas entranhas do teatro. A Escola da Criança do Mamb e todos os seus cursos eram dirigidos por Martim! Ele indicou os funcionários – ex-alunos da ET – para trabalhar lá. O pesquisador que enveredar pelo tema PRECISA se perguntar COMO Lina pagava as contas das atividades do Mamb! Não. Não pense que o governo do Estado na época tinha uma polpuda verba para cultura. NÃO HAVIA SECRETARIA DE CULTURA!!! Não me faça dizer com todas as letras qual a instituição forte, financeiramente bancada com dinheiro americano, que transferiu verba para GRANDE PARTE DAS ATIVIDADES e IDEIAS culturais gestadas nesse famoso e inesquecível período baiano. Na minha tese eu defendo com todas as letras que a ação da Escola de Teatro de Martim Gonçalves foi similar à de um órgão geral/congregador da cultura baiana. Diante disso, a sequencia de exposições e espetáculos de teatro e filmes com atores da escola de teatro realizados no TCA vira até fichinha...
4)          O Terno de Reis da Lapinha - Esse aqui é outro assunto bastante espinhoso abarcando ações desenvolvidas pela Escola de Teatro na administração Martim Gonçalves. Por quê? Simplesmente porque hoje as festas de Ternos de Reis realizadas na Lapinha, bairro central de Salvador, são uma tradição da cidade. Mas sendo fiel à minha pesquisa não posso deixar de relatar a sequência de informações que recolhi sobre o assunto, diga-se de passagem, sem o menor interesse em coletá-las; um material que foi surgindo colado/associado às atividades da Escola de Teatro no período estudado. Para entender a questão, em primeiro lugar, é preciso saber que as festas de Reis – com presépios e bailes pastoris – eram uma realidade em diversas localidades de Salvador pelo menos até o início do século XX. O assunto está reunido em livros clássicos sobre o folclore brasileiro como Festas e Tradições Populares do Brasil, de Melo Morais Filho e A Bahia de Outrora, de Manoel Querino. Querino chega a falar da importância que a Igreja da Lapinha possuía no ciclo dessas festas. De um modo geral, tal tradição cristã chegou ao Brasil por conta da sua matriz ibérica, possuindo uma antiga linhagem. Acontece que em 1957, a Livraria Progresso Editora (re) publica três livros sobre o assunto: o Bailes Pastoris, de Manoel Querino, Baile Pastoril no Sertão da Bahia, de José Nascimento de Almeida Prado e Os Bailes Pastoris da Bahia, de Carlos Ott. Todos eles trazendo o texto de apresentação do próprio dono da Progresso, Pinto de Aguiar, sendo publicados conjuntamente com o título “Bailes Pastoris”. Pinto de Aguiar fez vários lançamentos da Progresso nos jardins da ET e era próximo de Martim. Pouco depois desse lançamento, a Escola de Teatro coloca explicitamente entre suas montagens as peças de Arthur Azevedo, uma delas retomando entre suas cenas os bailes pastoris presentes no ciclo de festas de reis na Bahia. No ano letivo de 1958, estuda-se Arthur Azevedo na Escola de Teatro por conta da montagem de A Almanjarra. No final desse mesmo ano, em 09 de dezembro de 1958, a Escola de Teatro exibe em seus jardins uma apresentação do ‘Rancho da Lua’, um grupo de Reis que “há cerca de 46 anos não se apresenta de público”. A matéria Rancho da Lua Ressurge após 46 anos Sem Função ganha destaque na edição do Diário de Notícias, no dia seguinte. Assim abre a matéria:

“Constituiu um espetáculo de beleza poética e musical, dentro de uma atração folclórica simples e brejeira, a exibição, ontem à noite, na Escola de Teatro, do ‘Rancho da Lua’, que há cerca de 46 anos não se apresenta de público. Por iniciativa da Escola de Teatro e com a decidida ajuda do magnífico reitor Edgard Santos que imprime à universidade um sentido dinâmico e democrático, foi fomentado o ressurgimento do ‘Rancho da Lua’, uma vez que as suas principais figuras ainda vivem entre nós, inclusive o mestre Hilário das Virgens, um dos chefes do Rancho”.

A ampla reportagem segue explicando “O que é o Rancho da Lua”, informa a diferença entre o Terno de Reis (“mais sério e aristocrático”) e o Rancho (“mais pandego e democrático”), ressalta que Nina Rodrigues já estudou sobre o assunto em Os Africanos no Brasil, reproduz as cantigas do Rancho da Lua e, sobretudo, destaca ainda que outras “exibições na rua serão patrocinadas pela Rádio Sociedade”. A Rádio Sociedade pertencia à rede Diários Associados na Bahia, rede de Assis Chateaubriand, governada no estado por Odorico Tavares, homem que apoia Martim e em seguida, depois que o diretor teatral alcança um verdadeiro supra-poder nas instituições baianas, rivaliza com ele. Para encerrar, o texto informa que as apresentações ocorrerão pelo programa ‘Sociedade nas Praças’ e que a próxima execução será no domingo, na Praça da Piedade, as 19h30. Dia seguinte, 11 de dezembro de 1958, o mesmo jornal, o Diário de Notícias, publica um foto-legenda onde se vê um boi e cantadores do Rancho sob o título Rancho da Lua na Piedade, domingo. Segue outra nota na íntegra:

A exibição, na Escola de Teatro da Reitoria (sic), do ‘Rancho da Lua’, se constituiu um espetáculo de rara beleza poética e musical, despertando por essa razão, grande interesse. Completando este sucesso, conforme já foi divulgado, a Rádio Sociedade da Bahia possibilitará ao público tomar conhecimento com este ‘rancho’ que reaparece após 46 anos sem função. Em entendimentos com mestre Hilário das Virgens, ficou acertado ser a primeira destas apresentações no próximo domingo, as 19h30, na Praça da Piedade. Nesta ocasião, o Rancho da Lua dará uma exibição completa de suas danças e cantigas, num palanque que será armado pela Diretoria de Turismo.

A minha pesquisa não seguiu acompanhando pelos jornais as apresentações do ‘Rancho da Lua’ pelas praças de Salvador em 1958. Em 1960, a Escola de Teatro volta ao tema, encenando, agora com alunos, um terno de reis na peça Uma Véspera de Reis na Bahia, outro texto de Arthur Azevedo, que fica em cartaz entre junho e julho de 1960, no Teatro Santo Antonio. Acontece que já no início de 1961, o Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal, órgão dirigido por Carlos Vasconcelos Maia, homem próximo a Odorico Tavares, promove apresentações de ternos de reis pela cidade, como se pode ver pela matéria Prefeitura Liberou Verbas e Desfile está Assegurado – Ternos Reviverão o Antigo Esplendor: Festa de Reis, publicada no Jornal da Bahia, em 03 de janeiro de 1961. Contudo, no texto as festas de reis AGORA são assim apresentadas:

 “As festividades dos ternos de Reis e dos bailes pastoris que estavam quase desaparecidas, renasceram ano passado graças ao interesse do Departamento de Turismo da Prefeitura, que é responsável ainda este ano pela organização do desfile”.

Gente, não há a menor lembrança/citação da Escola de Teatro ou do evento e peças de Reis capitaneados por ela um/dois anos antes!! Os eventos que tinham trazido dos mortos as festas de Reis!
Na dissertação de mestrado Abertura Para Outra Cena – Uma História do Teatro na Bahia a Partir da Criação da Escola de Teatro (1946-1966), de Raimundo Matos de Leão, aprovada pelo PPGAC/UFBA, em 2003, o Rancho da Lua é associado a uma atividade oriunda da Escola de Teatro, como já o fizera 12 anos antes o professor Nelson de Araújo. Contudo, Leão não relaciona (e nem Araújo)  o conjunto das atividades de reis promovidas pela ET entre 1958 e 1960 com a posterior realização das Festas de Reis promovidas pelo Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal de Salvador, a partir de 1961 e ATÉ OS DIAS DE HOJE. Tais atividades continuam de forma ininterrupta a partir de 1961? Sempre na Lapinha? O que ocorreu com o Rancho da Lua? Por que nessa matéria de 1961, ao menos, não se fez referência à promoção de eventos e peças recém-realizados pela ET dois anos antes???? Por causa da campanha anti-Martim já iniciada pelos jornais de Odorico!!!! Por isso que Vasconcelos Maia, homem de Odorico, não reconhece também essa autoria de um trabalho de Martim/ET??????

5)      Teatro Vila VelhaVamos na jugular? Todo o imaginário popular, de pesquisa do popular mais tarde acionado como sendo ‘coisa do TVV’, a marca mesma do Vila, era algo que pertencera de origem à série de múltiplas atividades realizadas por Martim e a ET. O primeiro espetáculo de cordel da Bahia foi obra da ET (Graça e Desgraça na Casa do Engole Cobra, uma adaptação de Francisco Pereira da Silva, para o folheto de Manoel Camilo dos Santos, e não me importa que DEPOIS os Novos montem ‘cordéis MESMO’ e não textos adaptados. A verdade é que a pesquisa sobre cordéis já estava e muito manifesta desde a ET e nos próprios textos de Martim de 1951!); E quanto à busca do Teatro dos Novos pelo teatro na rua e pelo medieval, com autos católicos, enquanto não arranjavam um teatro...? A mesmíssima solução poética de Martim, antes da construção do Teatro Santo Antônio. É preciso estudar a sério a história dos Novos entre 1959 e 1964, ano de inauguração do Teatro Vila Velha, para ver como isso acontece. João Augusto só se torna uma figura pública reconhecível pelos jornais baianos beeem depois DA SAÍDA/EXPULSÃO de Martim Gonçalves de Salvador, por causa das campanhas jornalísticas (do A Tarde e da rede inteirinha dos Diários Associados = jornais + TV Itapoan; da instituição universitária que tinha dificuldades políticas em manter Martim e dos seus desafetos pessoais). Martim e João Augusto nem se equivaliam em força, gente. O verdadeiro embate entre cabeças que ocorre intra-muros da ET, ocorre entre Martim e Gianni Ratto! Por algo escraboso que apenas as histórias mal-contadas tornam possível, com o tempo Martim virou “o oponente” de João Augusto no imaginário artístico baiano! Que eles se desentenderam é fato, mas Martim não ficou ‘rivalizando com João Augusto’... Martim Gonçalves simplesmente o demitiu. E, segundo documentação oficial coletada até o momento, foi o único professor demitido da ET daqueles anos! Os outros simplesmente acabaram seus contratos temporários de um ano e não quiseram continuar ou NÃO foram renovados.

O que mais dizer após essa listagem? Como vocês acham que eu, uma atriz que vivi minha vida artística inteira na Bahia ouvindo verdadeiras BALELAS sobre Martim Gonçalves, me senti? Sabendo que a melhor defesa pública que existia sobre ele era que: “Não... Martim também montou autores brasileiros!”? Sinceramente? Eu tive vontade de vomitar, eu tive horror e tive vergonha. Sim. VERGONHA de nós, mentalidade baiana: irresponsável, canalha e hipócrita. Será que é esse o mesmo sentimento que agora cala tão profundamente todos aqueles que sabiam de, se não de toda essa história escabrosa, de boas partes dela? Vamos ouvir os inocentes.