quinta-feira, agosto 07, 2008

Confissões de uma africana albina

Todo mundo que freqüenta este blog já está cansado de saber que eu vim de São Caetano. São Caetano o bairro vizinho da Liberdade (liberdade pro Ilê) e não a cidade do sul. Como o povo diz, nasci e me criei em São Caetano (liberdade pra São Caetano).

O que isto significa só Deus e meus amigos é que sabem porque eu mesma não faço idéia. Não! Minto. Faço sim... Faço porque, aos poucos, fui registrando como o meu jeito de ser repercutia ou causava.

Quando eu era pequena, a minha maior diversão era ir para a praia junto com minhas amigas. Domingão em Ondina, porque era rasinho, formava piscina e nossas mães deixavam... Agora, pense: alguém aqui sabe a distância? Por mais cedo que saíssemos de casa – e olhe que a gente se programava desde a véspera, separando o que cada uma ia levar, e etc. – a gente sempre chegava na orla umas 11h, 12h.

Primeira coisa que a gente fazia era escolher tipo uma zona para abrir as toalhas. Geralmente as meninas gostavam de ficar perto do Ondina Apart e eu não tinha muita escolha. Ou melhor: não dava importância para esta discussão. Para mim, tanto fazia. Até porque eu era a pirralha do grupo e não mandava em nada.

Formávamos um pequeno travesseirinho com um montinho de areia e lá íamos esperar o menino do bronzeador passar com aqueles saquinhos amarrados num pau. Lembro como se fosse hoje a sensação em minha pele daquele líquido oleoso e vermelho já quente pelas andadas do vendedor pela praia.

Umas 15h, geralmente a meu pedido, a gente ia para o ponto, pegar de volta o Barra/São Caetano da Transol. Como sempre, eu falava que ia ficar mais tempo, mas não agüentava. Resmungavam elas, enquanto sacudiam a roupa, dizendo que não iam me levar mais.

3 comentários:

Alberico Manoel disse...

olá, jussi como vai? tudo bom contigo!!! Gostei muito da crônica!!!! Me faz lembrar um pouco de mim!! Para gente que veio de um bairro considerado pobre ou de classe media pobre, as coisas são mais complicadas. Ter acesso a teatro, músic e dança só se formos muito desenvolto e ir em busca das coisas, o que nem sempre acontece!!! As coisas de um modo geral(no mundo das artes) são muito fechadas, isso eu conheço bem por que qd fazia teatro, só que era da área teatral sabia do que estava rolando na cidade e de graça. Te admiro muito, por ser jovem, dinâmica e batalhadora. Essa nossa profissão é uma porfissão difícil, por causa do mercado de trabalho inchado, e as vezes, tenho minhas incertezas, como um bom virgiano que sou!!!!!
Parabéns pelos textos, estão muito interessantes!!!

Bjs
Carinhosamente,

Alberico Manoel

Anônimo disse...

adorei o que eu li,parabens e continui assim.

Clarice disse...

Jussi, adorei. Imagino vc pequena toda vermelhona, sofrendo os revezes da "branquitude" no sol quente do meio-dia! Eu também frequentava Ondina, quando era pequena. Mas a minha praia mesmo, do dia-a-dia, era Amaralina. Morava na Itaboraí, descendo a ladeira. Era massa e, no meu caso, eu era uma neguinha mais, e meus amiguinhos da praia eram os erês do Nordeste de Amaralina. Não podia faltar o capelinha de menduins, haha!
Beijos!