sábado, fevereiro 12, 2011

Depoimento dos autores do projeto Teatro NU Cinema:

"Caro Gil,

A iniciativa do Projeto Teatro NU Cinema deste ano de acolher a dramaturgia baiana precisa continuar. Afirmo isso sem a menor dúvida e com a convicção de que a dramaturgia é o principal caminho de renovação do teatro soteropolitano.

Poucas são as fontes, porém, elas demonstram que há uma juventude sedenta, desejosa em expor o seu trabalho, em tirar seus textos das gavetas, uma juventude que tem qualidades e que quer mostrar que é possível transformar.

O resultado do "Prêmio FAPEX", que premiou, ao lado de um texto seu, textos de dois jovens autores; o projeto "4 cravos para Exú", de iniciativa do brilhante dramaturgo e professor da Escola de Teatro, Marcos Barbosa, e o "Festival Ilusório de peças curtas", que levou ao palco textos inéditos de dois jovens autores baianos e que esse ano volta em edição ampliada, são ricos exemplos de iniciativas que atentam para a busca de uma dramaturgia de qualidade na cidade e que, por isso, por essa preocupação com a arte acima de tudo, são projetos que precisam continuar.

O Teatro NU Cinema com a Mostra Bahia vem para somar, enriquecer, contribuir. Você, Gil, também dramaturgo, sabe da necessidade de valorizar esse produto caro que é a nossa dramaturgia. E mais: levando esses textos para um outro espaço, o Teatro NU dialoga também com um outro espectador, o espectador do cinema que, infelizmente, em Salvador, não necessariamente é o mesmo que vai ao teatro.

No mais (e que demais, para mim!): foi um prazer participar desse projeto. Ter um texto meu montado ao lado de uma dramaturga que tanto admiro como a Claudia Barral (sim, o texto que escolhi pro meu monólogo no vestibular foi "Cordel do amor sem fim") já seria emocionante. Mas ouvir Carlos Betão e Marcelo Praddo, lá na primeira leitura, e depois vê-los no palco interpretando um texto meu... Incríveis!

Agradeço também pela sua direção ao mesmo tempo subversiva e respeitosa, que me trouxe um novo olhar possível sobre o texto.

Agradeço ainda a minha querida Renata Berenstein, a Maria Clara Dultra, ao pessoal da SaladeArte da UFBA, ao professor Eduardo Tudella, e a Ana Paula Vasconcelos, a sempre bela e atenciosa produtora, que cuidou, junto com sua equipe, para que esse projeto fosse o sucesso que acredito ter sido nas semanas em que "Um homem de sorte" e "Sal, pimenta, alho e noz moscada" estiveram em cartaz.

Vida longa ao Projeto Teatro NU Cinema: Mostra Bahia. Repito: é preciso continuar.

Grato,

Hayaldo Copque."

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"'Sal, Pimenta, Alho e Noz Moscada' é um texto curto escrito especialmente para o projeto Teatro NU Cinema. Um projeto que promove, mesmo que talvez esse não seja o seu principal foco, um diálogo instigante entre as linguagens teatral e cinematográfica.

O público assiste a uma peça curta e, em seguida, a um filme. No dia em que eu estive na Sala de Arte da Ufba, à apresentação de  "Sal, Pimenta, Alho e Noz Moscada", texto que transita por temas como canibalismo e assassinato, seguiu-se o filme "Além da Vida", do diretor Clint Eastwood, que debate a possibilidade de vida após a morte. Essa coincidência me proporcionou uma experiência muito interessante. Mesmo sem a tal coincidência temática, a dobradinha teatroXcinema possibilita inúmeras leituras instigantes para o público.

Como eu já conhecia o projeto Teatro NU Cinema, que está em sua segunda edição, interessou-me escrever um texto que abordasse, entre outro assuntos, uma terceira mídia: A internet.

“Sal, Pimenta, Alho e Noz Moscada" trabalha a relação de Armin Meiwes e Arthur Brandes, um canibal e sua vítima, que se conheceram através de um anúncio colocado na internet. A rede, no caso desses homens, possibilitou um encontro que culminou em tragédia. O fato de que não há nada que se possa fazer para impedir que essa história se repita é que nos deixa perplexos diante da abrangência do poder de comunicação da rede.

 Sobre a montagem, vale observar que além da afinação dos objetos da cena, das interpretações sensíveis, sempre sensíveis, dos atores Marcelo Praddo e Carlos e Betão, o diretor Gil Vicente Tavares é, além de compositor, apreciador e conhecedor de música, o que torna a trilha sonora da peça um elemento merecedor de nota e colabora, em minha opinião, para o caráter multimidiático do projeto, fazendo com que eu muito me orgulhe de ter participado esse ano.  

www.claudiabarral.com"

2 comentários:

Gil Vicente Tavares disse...

Caro Derland, a despeito do exagero, agradeço o elogio. Seu blog parace ter um tom mais pessoal, é uma linha que muitos seguem. O meu, geralmente, tem um caráter mais de "crônica", "artigo". São opções, todas válidas.
Se puder, divulgue o blog, já que gostou. Faço questão que os textos, em sua maioria, cheguem a outros nichos que não os de amigos e colegas.

um abraço,

GVT.

Camila Benvenga disse...

Qto conteúdo , adorei! Virei mais vezes, se quiser passar pelo meu humilde cantinho que fala sobre cinema, teatro e coisas do gênero, fique a vontade!Estou no comecinho, um abraço - www.cinemateatroentretenimento.blogspot.com