O absurdo do Teatro na realidade de GVT
O Brasil é um país surrealista com obras realistas. Talvez por conta dessas diversidades, de tantos universos paralelos, quase não se produz obras absurdas ou peças inspiradas em Ionesco ou Beckett em nosso país. Mas na contramão dessa “realidade” surge o texto de Gil Vicente Tavares, que no seu doutorado trata da questão com a dissertação "A herança do absurdo, vestígios no drama contemporâneo”. O autor baiano, de 32 anos, traz os javalis para dentro da nossa sala e mostra o desconforto das pessoas diante das alegrias do amor, da nossa simpatia e da nossa gente calorosa. Fina ironia.
A descoberta da obra de Gil Vicente Tavares e do grupo Teatro NU, se deu via internet. A entrevista aconteceu em dois momentos, via e-mail e depois presencialmente, aproveitando o congresso de artes cênicas da ABRACE, na USP, para o qual GVT tinha vindo. Na mesa de um dos bares da Pça. Roosevelt, numa tarde quente paulistana, Gil Vicente completou a entrevista virtual falando das possibilidades do teatro brasileiro e uma vontade incrível de entender porque o teatro baiano não consegue ter a mesma visibilidade que tem a música baiana. Pelos textos e pelo site (www.teatronu.com ), ficou uma vontade grande de ver a obra de GVT nos palcos sulistas.
Por Thereza Dantas
O grupo Teatro NU tem um intenso intercâmbio com artistas de outros países. Porque essa opção de diálogo globalizado?
Gil Vicente Tavares: Logo após me formar pela Escola de Teatro da UFBA, fui convidado a morar seis meses em Portugal, através da Cena Lusófona. Lá, tive contato com muitos artistas, pude ministrar um ateliê sobre minha dramaturgia com a Companhia Escola da Noite, de Coimbra, e ter meus textos lidos pela Companhia de Teatro de Braga, onde deixei uma grande amizade; Rui Madeira; assim como Fernando Mora Ramos, Antonio Augusto Barros e tantos outros, Portugal afora. Tempos depois, por conta da dramaturgia, Jorge Silva Melo, encenador de Lisboa, me botou em contato com Letizia Russo, que estava fazendo residência com seu grupo. Tal não foi meu espanto quando ela me respondeu um email que eu havia timidamente enviado, dizendo que conhecia Os Javalis, que havia gostado da obra, etc, e desse contato acabei indo a Roma ver a leitura encenada do texto acima e de Os Amantes II, outra peça minha, com direção de Pietro Bontempo, ambas traduzidas por ela.
A Bahia tem passado por um sério problema de histeria com questões de negritude, regionalismo, cultura popular, e tem fechado seu teatro para o diálogo com outros cantos do mundo. Não é possível que a terceira capital do país ainda se atenha a questões do século passado, em busca de raízes, identidades, quando a verdadeira busca seria de uma Salvador conectada com esse novo mundo, numa nova ordem mundial.
Neste ponto, é curioso que eu consiga dialogar mais com pessoas de fora.
Acho importante que possamos conhecer o que vem sendo feito ao redor do mundo. Mesmo que seja pra percebemos que fazemos muita coisa boa, que podemos daqui do terceiro mundo dar indicativos de uma possível arte universal em processo.
A classe artística em Salvador é uma das mais despolitizadas, desunidas e desarticuladas do país, mesmo com uma pós-graduação em artes cênicas muito bem conceituada, grandes artistas, grandes referências no cenário nacional, etc. Com isso, grandes ações, boas posturas críticas e uma maior consciência de classe atrapalham uma efetiva solidificação do teatro na cidade.
A verdade é que estou sempre buscando aprender. Formei o Teatro NU com atores experientes para aprender a fazer teatro. Quando busco um diálogo com outros países, quero colher dessas pessoas o máximo de conhecimento, de idéias, mesmo que seja para negá-las. Para negar as coisas, precisamos conhecê-las a fundo, e essa lição muito gente ignora.
Teatro é bom independente de nação, de cultura, de credo ou estética. Gosto de Dias Gomes e de Heiner Müller. Gosto de Anton Tchekhov e de Samuel Beckett. Essa pluralidade que nos legou o século XX é fundamental para que façamos um teatro sem pretensões equivocadas, mas também sem o ranço do academicismo e do pastiche. Um autor se inventa como uma invenção de estilos, como uma mistura de estéticas que é só ele. Assim deveria ser, pelo menos.
Essas experiências com artistas de outros países tem demonstrado diferenças ou igualdades das culturas neste século 21?
GVT: Isso vai parecer frase de efeito, mas o mundo está cada vez mais igual e cada vez mais diferente. No recente evento que o Teatro NU realizou, Diálogos sobre dramaturgia contemporânea”, pudemos ver isso bem de perto. As peças de Ramón Griffero e Darío Facal tocavam em assuntos próximos. Questões ligadas ao sexo, à cultura de massas, à televisão, em muita coisa os textos se pareciam na discussão. Mas as abordagens eram diferentes. Víamos um dramaturgo europeu, Facal, representando o cansaço da acumulação de cultura e história de seu país, enquanto Griffero trazia em seu texto a imensa ressaca do golpe contra Allende no Chile, seu país. Aí entramos na grande questão: Facal poderia ter produzido um texto que reverberasse a ditadura franquista, e Griffero poderia traduzir a fragmentária Santiago muito próximo da estética de Facal.
Eu escrevi uma peça sobre o Marquês de Sade. Dea Loher escreveu uma peça sobre Olga Benário dando ênfase ao seu período no Brasil. Cada um destes textos traduz angústias internas de nossos próprios países, mas que são as angústias do mundo todo.
Aconteceu algo bem interessante comigo, em particular. Nas leituras de Os Javalis e de Os Amantes II, em Roma, as pessoas no debate comentavam sobre uma realidade para-berlusconiana, sobre identificações políticas com o texto. Na Alemanha, houve um estranhamento, até, em relação a Os Javalis, como se eu estivesse tomando deles uma estética, e quando Rui Madeira assistiu a um ensaio da mesma peça, o primeiro comentário dele foi; vocês estão fazendo teatro europeu. Talvez tenha sido estranho pra ele – acostumado aos intercâmbios étnicos da Cena Lusófona – ver na Bahia alguém fazendo algo diferente daquela estética endógena e autofágica. Mas digo, o teatro em Salvador teve grandes momentos, com grandes encenações, grandes atores, e isso vem se rarefazendo cada vez mais. A estética plural daqui tem acabado e a possibilidade de fazer outros tipos de teatro tem sido cada vez mais difícil.
Dramaturgia brasileira: quais as dificuldades e as alegrias de se fazer texto no país?
GVT: Não há uma política efetiva para a dramaturgia e nem para o livro, no país. A dramaturgia é bem mais fácil de circular do que uma peça com atores, cenários, técnicos. Mesmo assim, pouco sabemos em Salvador de outras praças. Um incentivo à dramaturgia e uma maior circulação das peças seria ideal. O Governo da Bahia publicou, há alguns anos, a obra coligida de alguns autores baianos. Aonde estão esses livros? Em quais livrarias do país? A FUNARTE lançou, durante algum tempo, o prêmio de dramaturgia. A grana parece ter ido pro bolso dos dramaturgos. Mas as peças foram para as prateleiras das livrarias? Não adianta, também, somente publicar. É preciso fazer correr esses livros pelo país, pelas escolas de teatro, é importante que elas se conectem entre si, também. Hoje em dia, com a internet, acho que falta visão de alguns órgãos, algumas faculdades e alguns cursos de teatro, pois uma rede fantástica poderia estar sendo estabelecida pelo Brasil inteiro.
Eu, particularmente, ainda não tive muitas oportunidades de ter alegria com o que eu escrevo. Ao menos aqui no país. Mas tive uma experiência fantástica que foi a oportunidade de ter viajado pelo Festival de Teatro Brasileiro – cena baiana no Ceará. Viajamos com a montagem de Os Javalis e a resposta do público foi fantástica. Foi nossa primeira viagem com o grupo e pudemos constatar o quanto o texto comunica, provoca e diverte, ao mesmo tempo. Foi muito bom romper essa fronteira, num projeto importante como esse.
Como "virar" autor de teatro?
GVT: Eu jamais seria professor de matemática. A aptidão é algo fundamental. Claro que se pode estudar para ser um autor teatral, mas o simples fato de alguém querer estudar pra ser dramaturgo no Brasil, algo próximo de querer ser surfista no deserto do Saara, já demonstra nessa vontade uma predisposição.
Minha dramaturgia surgiu da minha prática da cena. Obviamente, assim como minha prática era pobre, eu também não faria a maior obra do século XX (comecei de fato a escrever em 1997). Mas sempre tentei ouvir a voz da cena. Imaginar os atores falando as réplicas. Imaginar a ação decorrente do que eu escrevia.
A dramaturgia tem partido pra algo confessional, narrativo e monologar, mas não quero polemizar sobre dramaturgia contemporânea, apenas dizer que ao longo dos séculos a dramaturgia mais interessante que ficou foi aquela onde a contracena, o que era dito internamente na cena, as metáforas e desejos disfarçados dos personagens é que motivavam as pessoas a sair de casa para ver teatro.
Eu jamais defenderia a dramaturgia fácil, vendável, “comercial”, como queiram chamar. Mas Ryngaert, pensador francês, apontava o problema do teatro contemporâneo que – cada vez menos “dramático” – acabava afastando o grande público. Lembro de uma entrevista de Ionesco onde ele criticava o Noveau Roman e identificava no teatro daquela época ecos de um estilo empolado, circunspecto, e podemos perceber por trás da crítica de Ionesco o que na obra dele se evidencia; todo seu antiteatro é totalmente teatral, prenhe de recursos cênicos, fórmulas dramáticas e toda uma herança que o teatro o legou ao longo dos séculos.
O autor nunca deve perder de vista o ator e o público. Isso já é um começo. E ler muito teatro. Ver muito teatro. Participar de montagens, mesmo como ouvinte, curioso, perceber como toda essa carpintaria funciona e vem funcionando há mais de 2.500 anos.
Como você avalia a novíssima safra de "dramaturgos" que estão surgindo?
GVT: Juntamente com algumas outras poucas iniciativas, o projeto “Diálogos sobre dramaturgia contemporânea” e as montagens que pretendemos fazer com o Teatro NU tentam suprir essa lacuna de conhecimento do que vem sendo produzido. Se pouco conhecemos do que vem sendo feito pelos “estabelecidos”, quanto mais dos novíssimos. Queria conhecer esses novíssimos, trocar experiências, fazer, quem sabe, um encontro da novíssima dramaturgia brasileira. Por que não?
Atores X Autores ou Atores + Autores?
GVT: Talvez um dos grandes nós da dramaturgia seja que muitos autores escrevem pra seu umbigo, pra si mesmo, e esquecem que a dramaturgia está em função do ator. Serei sempre a favor do ator. Tento ser, quando escrevo. Meu maior prazer é ver o prazer de um ator ao ler um personagem que criei, ou ver a vontade e a disposição com que um ator faz uma cena que eu havia escrito.
Dramaturgia é um sequencia de ações que um ou alguns atores interpretarão para um publico. Esse caminho não pode ser esquecido. Pra roubar um jargão dos executivos, é uma cadeia produtiva. Um processo que se é interrompido, se o ruído faz daquela dramaturgia algo ininteligível, algo está fora do lugar. Costumo dizer que a opinião que mais interessa, muitas vezes, dentre meus pares, é a do ator. Outro dramaturgo geralmente vai fazer considerações de caráter técnico, estrutural, o diretor muitas vezes vai olhar como um encenador que quer se aproveitar do texto pra se satisfazer, enquanto o ator tem a “inocência” de gostar de um texto pela forma que ele funciona em sua boca. Sinto-me resolvido em questões filosóficas, políticas nos meus textos. O mais difícil é que aquela peça funcione como teatro. Muitos poetas escreveram pra teatro e quebraram a cara porque o funcionamento da cena é diferente de se saber fazer um decassílabo ou uma rima. Nem tampouco é saber criar um personagem, apenas. É saber dizer a voz da cena, é conseguir dar vida a uma história, a uma trama, a uma fábula ou à falta dela.
O eixo Rio-SP ajuda ou atrapalha um autor que mora em outro estado do país?
GVT: O Rio de Janeiro foi a capital do país até a década de sessenta. E como capital, teve em torno de si todo um status. Desde a vinda de Dom João VI que o investimento na capital do país se fez presente, e não podia deixar de ser diferente com a cultura e as artes. Aliado a isso, a Rede Globo trouxe um poder midiático para o Rio jogando os holofotes todos para seus artistas.
São Paulo é um dos grandes centros econômicos do mundo, o dinheiro circula muito e é natural que haja uma maior concentração de artistas, intelectuais, pensadores, imprensa, editoras, SESCs, etc.
A questão, portanto, não é atrapalhar ou ajudar. Eles se destacam por questões de poder, finanças, estrutura. Não será batendo ou implorando a eles que os outros estados conseguirão uma solidez de um trabalho artístico.
Vivemos num país onde a corrupção toma todo o dinheiro público, onde os interesses em oprimir a cultura com o disfarce populista faz com que nós mesmos aceitemos sermos a cultura regional, o pires na mão atrás de alguma grana pra sobreviver.
Faltam políticas públicas. Salvador tem uma prefeitura vergonhosamente ausente. O Estado está metendo os pés pelas mãos na pretensa reviravolta que pensa estar fazendo na cultura. Não há boa educação. As pessoas querem beber cerveja, dançar pagode e ir à praia porque é a isso que elas são resumidas.
O que atrapalha os artistas fora do eixo Rio-SP é justamente estarmos fora do eixo. Não há uma vontade de investimento para a melhora do povo. Temos uma população miserável tanto na renda quanto na cultura. O que atrapalha um autor é ele ver que sua obra não circula, que ele é montado pra ficar pouco tempo em cartaz, que não há interesse das pessoas em serem tocadas pela arte, para além do riso fácil e do melodrama barato.
É claro que poderíamos dialogar mais com o eixo Rio-SP, mas geralmente quando esse diálogo acontece, o interesse que eles têm em nós é regionalista, étnico. Se eu escrevesse sobre sertão, candomblé, movimentos negros, apartheid social, haveria um interesse quase antropológico na minha obra, pois é esta a parte que nos cabe neste latifúndio.
Existe uma grande migração de grupos de teatro de outros estados para SP-RJ. Isso pode ser considerado um sintoma dessa concentração da renda?
GVT: Dizem que o PIB da cidade de São Paulo é maior que o resto do país. Essa circulação de dinheiro concentrada acaba proporcionando mais oportunidades para os grupos de teatro na cidade. Mesmo a cidade do Rio de Janeiro também está enfrentando problemas para manter seus grupos. Só o SESCSP é uma rede fenomenal de programação cultural. Os editais na Bahia geralmente oferecem um orçamento baixo e com isso você produz peças toscas... Isso desestimula a produção de teatro na sua cidade, no seu estado.
No caso de Salvador existe um agravante. Qualquer outra proposta mais contemporânea não é compreendida e aceita, como se o fato de tratar dessas questões nas minhas peças não estivesse falando da Bahia, de Salvador. Infelizmente isso acaba desestimulando a criação e a produção de peças de teatro em na cidade. Então, morar e trabalhar em São Paulo, ou no Rio, acaba sendo muito tentador...
O grupo de vocês disponibiliza os textos que já foram encenados no site oficial. Como encara a questão do direito autoral no país? Tem alguma sugestão para mudanças?
GVT: Pouca gente ganha dinheiro com venda de livro e CD. Apesar de eu ser um defensor ferrenho destes dois. O livro e o CD trazem uma legitimidade, é simbolicamente forte que alguém lance um livro ou CD. Mas essa deveria ser uma prática mais recorrente aliada à produção e diminuição de preço do produto; pensando não no lucro, mas no acesso das pessoas a esses bens. Eu mesmo recebo peças por email e tenho uma preguiça enorme de ler. O fetiche de pegar um livro cheirando a novo, riscar ele, voltar uma página, marcar um trecho, tudo isso é diferente de ficar em frente a uma tela lendo. Mesmo assim, acho que cada dia mais deveria se pensar num banco de textos virtual que açambarcasse toda (claro que sei que é impossível toda) a produção nacional.
O autor ganha dinheiro quando é pago pra escrever e quando os 10% da bilheteria lhe são repassados. Infelizmente, produtores e artistas não entendem o que é direito autoral, não entendem que aquela cena, aquele texto, aquele movimento, aquele cenário, tudo partiu de uma dramaturgia, que está sendo usada ali. Portanto, o autor precisa receber por aquilo. É como a execução de uma música na rádio. O compositor está tendo uma obra sua veiculada, algo que ele criou, que lhe pertence.
A grande revolução será uma grande publicação, difusão e divulgação de uma bibliografia de autores que pudesse circular pelas bibliotecas, ser vendida em livrarias, etc.
Uma política de tradução – através de intercâmbio entre países – seria maravilhoso. Termos acesso à nova dramaturgia turca traduzida pro português, enquanto na Turquia se lê dramas brasileiros, por exemplo, seria uma forma de troca de experiências, idéias, viagens, colaborações, tudo isso.
Gostaria de ressaltar que o espaço da rede tem revolucionado a comunicação e as artes. Vários sites e blogs aglutinam pessoas interessadas e podemos ter acesso ao que pensam pessoas de outros estados e de outros países. Parece pouco, mas é uma conquista termos conseguido mais de duzentos acessos num dia ao blog do nosso grupo. Temos, além de disponibilizado textos, fotos e futuramente trechos das peças, fomentado discussões que às vezes repercutem principalmente em Salvador.
Essa democracia da rede ainda vai nos levar a lugares interessantes. Espero, um dia, que os espaços legítimos e inteligentes da rede consigam abafar a imprensa oficial que elege muitas vezes o equívoco, o fácil e o comercial. Essa rede alternativa poderá colocar em foco assuntos, artistas e temas que a grande mídia não se interessa. Haverá uma seleção natural, a partir das escolhas dos internautas, e naturalmente também se fortalecerão e sumirão alguns espaços; num filtro espontâneo de valores e interesses.
Os textos Os Javalis e Os Amantes de Gil Vicente Tavares já estão à disposição no site Dramaturgia Contemporânea. Para download
Site oficial do Teatro NU e blog do Teatro NU
2 comentários:
Parabéns, Gil, pela excelente entrevista! Fico surpreso apenas com a falta de comentários. Concordo plenamente com você em relação a nossa classe artística! Já passou da hora de nós, artistas baianos, começarmos a interagir mais com as discussões sobre teatro em nosso Estado. Parece que ninguém quer se envolver em nada, quer opinar sobre nada, quer propor nada...e o descalabro cultural baiano continua se sedimentando.
Marcelo Praddo.
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