quinta-feira, julho 09, 2009

Dançando com Jarbas e Matias...

Jarbas Bittencourt sempre me chamou a atenção, pelas direções musicais que fazia. Lembro de um espetáculo que vi e não gostei, mas que na época fiz questão de elogiar sua música, nas escadarias da Escola de Teatro. Ele estava naquela seleta lista dos que eu gostaria, um dia, de trabalhar.

Os tempos passam, começa uma amizade, e nada de trabalho juntos. Ficávamos naquela de “vamos fazer uma parceria”, e nada. Até que entramos no processo de montagem dos 40 anos do Vila Velha.

Vejo Jarbas ao piano, com uma letra na mão. Primeira crise; “Gil, estou precisando de um verso nessa parte aqui”. Eu fiz o verso. Segunda crise; “não sei como fazer essa música”. A essa altura, ele já fazia a levada do frevo ao piano e eu comecei a cantarolar “to crazy, to crise, atrás dessas atrizes”, ele foi acompanhando e assim saiu nossa primeira parceria, não creditada no texto publicado, mas acidentalmente sacramentada ali.

A vontade não passou. Programamos um xou juntos, no Vila, onde eu cometeria o crime de cantar. Acho que Hermes arrancaria minhas tripas pra refazer a lira, e o xou não foi pra frente. Mandei letra pra ele, mandei melodia, ele me mostrou umas coisas, mas não havia me entregado nada.

Eis que Cláudia Cunha, gravando, por favor, algumas canções minhas apenas para registro particular, decide colocar uma delas no VII Festival de Música Educadora FM. Sem lenço e sem documento, corremos atrás de parcerias. Resolvi arriscar Jarbas. Ele não só aceitou, como mandou um primeiro arranjo poucas horas depois, e na semana seguinte estávamos no Estúdio do Vila gravando “Dança”.

Fiquei realmente emocionado com a disponibilidade, criatividade, entrega e parceria que nós dois conseguimos. Ainda não foi dessa vez que viramos parceiros efetivos de canções, mas, como ele mesmo declarou, há tempos queríamos estar juntos em alguma coisa.

A música está disponibilizada, junto com as outras 49 classificadas, no site www.educadora.ba.gov.br, também aberta para votos a partir de um cadastro. Quem quiser conhecer o sítio, o arranjo, a música (e votar), vale a pena; há outras músicas (e boas). Esse é um festival que ao menos mobiliza a maioria da música baiana, alijada das rádios, dos palcos, em detrimento de um único vetor comercialóide que não vem ao caso explicitar.

Aproveito para registrar, num momento de notícias musicais do blog, que Matias Santiago, grande bailarino e coreógrafo baiano, resolveu montar uma coreografia com seu Balé Jovem a partir de minhas canções. Quem quiser saber mais, basta clicar: www.balejovemdesalvador.blogspot.com. Matias, que já passou pelo Grupo Corpo, de Minas, pelo Balé do TCA - que ainda resiste em Salvador, tem uma carreira incontestável.

A proposta do Bale Jovem merece atenção. É um trabalho independente que se tivesse sido criado numa cidade menos ignorante, num instante já teria recursos privados e públicos para sua existência e criação. Mas por enquanto, há só disposição. Nada de grana. Talvez a grana pra dança seja inversamente proporcional ao movimento. Quanto menos movimento, mais grana, quanto menos dança, mais grana pra dança. Vai entender...

A gente vai se virando enquanto a crise nas artes nos paralisa momentaneamente...

Nenhum comentário: