Num momento onde se discute muito a democratização na cultura, me deparei com um artigo de Fernando Rodrigues, jornalista da Folha de São Paulo, sobre futebol.
Não que eu queira trazer para o blog assunto tão controverso e tão amado por mim, mas ao comentar o hexacampeonato do São Paulo Futebol Clube, um articulista político, falando de futebol, retorna à política falando de cultura, e tocando num assunto espinhoso, mas necessário:
A conquista do campeonato brasileiro de 2008 pelo São Paulo Futebol Clube ajuda a disseminar no Brasil um valor quase inexistente no país: a meritocracia (grifo meu). Vence quem se esforça e trabalha mais ao longo de todo o campeonato. (http://uolpolitica.blog.uol.com.br/)
Ele está se referindo ao novo sistema do campeonato, que vigora há seis anos (quem tiver interesse, basta acessar o blog supracitado). Mais abaixo, ele repete:
... A meritocracia (grifo meu) é uma característica vital de sociedades desenvolvidas. É bom que no Brasil comece a vigorar exatamente na mais popular de todas as manifestações culturais, o futebol. (idem)
Sempre acreditei que deveria haver uma melhor distribuição da cultura, mais acesso, mais democratização. Mas em relação à manifestação, e não aos mecanismos de subvenção, apoio e patrocínio.
A arte é o espaço da meritocracia. Ganha pra produzir quem merece, quem trabalha regularmente, quem vem construindo seu espaço e buscando uma linguagem, quem vem exercendo seu ofício a despeito das intempéries, crises e mudanças. E deve ganhar para que sua obra possa ser difundida, apreciada, divulgada e democratizada.
Hoje em dia, quer se democratizar a verba da cultura, inclusive subvertendo o mérito artístico, em prol da comiseração.
E não se cria uma estrutura, um ambiente para que esse resultado, tosco ou não, seja difundido, morrendo em apresentações onde o grande público não tem acesso, não sabe que está acontecendo, e quando sabe já acabou.
E assim a arte vai desandando, os profissionais se desiludindo, a vontade de fazer arte diminuindo, os palcos ficando carentes de grandes artistas...
Mas sempre haverá aqueles que farão de qualquer jeito, com qualquer um, sem que ninguém ganhe e ninguém veja. Aonde isso vai dar?
Pra mim já não está dando mais...
GVT.
Não que eu queira trazer para o blog assunto tão controverso e tão amado por mim, mas ao comentar o hexacampeonato do São Paulo Futebol Clube, um articulista político, falando de futebol, retorna à política falando de cultura, e tocando num assunto espinhoso, mas necessário:
A conquista do campeonato brasileiro de 2008 pelo São Paulo Futebol Clube ajuda a disseminar no Brasil um valor quase inexistente no país: a meritocracia (grifo meu). Vence quem se esforça e trabalha mais ao longo de todo o campeonato. (http://uolpolitica.blog.uol.com.br/)
Ele está se referindo ao novo sistema do campeonato, que vigora há seis anos (quem tiver interesse, basta acessar o blog supracitado). Mais abaixo, ele repete:
... A meritocracia (grifo meu) é uma característica vital de sociedades desenvolvidas. É bom que no Brasil comece a vigorar exatamente na mais popular de todas as manifestações culturais, o futebol. (idem)
Sempre acreditei que deveria haver uma melhor distribuição da cultura, mais acesso, mais democratização. Mas em relação à manifestação, e não aos mecanismos de subvenção, apoio e patrocínio.
A arte é o espaço da meritocracia. Ganha pra produzir quem merece, quem trabalha regularmente, quem vem construindo seu espaço e buscando uma linguagem, quem vem exercendo seu ofício a despeito das intempéries, crises e mudanças. E deve ganhar para que sua obra possa ser difundida, apreciada, divulgada e democratizada.
Hoje em dia, quer se democratizar a verba da cultura, inclusive subvertendo o mérito artístico, em prol da comiseração.
E não se cria uma estrutura, um ambiente para que esse resultado, tosco ou não, seja difundido, morrendo em apresentações onde o grande público não tem acesso, não sabe que está acontecendo, e quando sabe já acabou.
E assim a arte vai desandando, os profissionais se desiludindo, a vontade de fazer arte diminuindo, os palcos ficando carentes de grandes artistas...
Mas sempre haverá aqueles que farão de qualquer jeito, com qualquer um, sem que ninguém ganhe e ninguém veja. Aonde isso vai dar?
Pra mim já não está dando mais...
GVT.
6 comentários:
POR FALAR EM MERITO, LEIAM A MATÉRIA ABAIXO:
Cinema em saia-justa
João Eça, do A Tarde
'Cães': um dos filmes que receberam verba do governo estadual
A produtora DocDoma, realizadora do curta-metragem Cães e dos documentários Trampolim das Artes e Bahia Film Comission, recebeu uma verba de R$ 92 mil do governo estadual sem ter passado por nenhum processo de licitação ou participado de edital. O curta-metragem e os documentários tiveram, num único contrato, cedidos seus direitos de exibição à TVE mediante a liberação deste recurso.
Conforme publicado no Diário Oficial do Estado da Bahia, no último dia 11 de novembro, o repasse foi feito pelo Instituto de Radiodifusão do Estado (Irdeb), vinculado à Secretaria de Cultura da Bahia (Secult). Ainda de acordo com o Diário Oficial, a dispensa de licitação para repassar os recursos à produtora DocDoma foi amparada pelo artigo 60 da Lei Estadual 9.433/2005, que dispõe sobre os contratos administrativos dos poderes públicos, onde o inciso III autoriza o Estado a contratar um serviço sem a necessidade de licitação, desde que o profissional do setor artístico seja consagrado pela crítica ou pela opinião pública.
Contudo, a iniciativa fere a mesma Lei Estadual 9.433/05, que determina a inexigibilidade de licitação apenas em casos de produções, não só concluídas, como também reconhecidas por público e crítica, o que não ocorre com os dois documentários. E ainda a presença do diretor do Teatro Castro Alves (TCA), Moacyr Gramacho, na ficha técnica de Cães, levanta a hipótese de ter havido facilidades neste processo de captação de recursos, já que tanto o Irdeb quanto o TCA são ligados à Secult.
REFERÊNCIA – No entanto, o que é questionável é a falta de enquadramento dos dois documentários – um trata das ações da Bahia Film Comission no Forte do Barbalho e o outro sobre a preparação do elenco infantil para o longa Trampolim do Forte –, já que ainda estão na fase de filmagem e, portanto, ainda não preenchem o requisito básico da lei que é ter passado pelo crivo da crítica ou do público.
O diretor do Irdeb, Pola Ribeiro, justificou os motivos que levaram o governo a apoiar as produções sem exigir edital ou licitação. "A política da TVE é se tornar referência na licitação de conteúdos audiovisuais na Bahia, coisa que nunca ocorreu no Estado", disse. "Por outro lado, também costumamos comprar as produções que nos interessam e que tenham qualidade". Pola ainda argumentou que o curta-metragem Cães havia sido referendado por dois júris nacionais: a aprovação no edital da Petrobras e a seleção para o Festival de Brasília. "Os recursos do Irdeb foram utilizados apenas no processo de finalização do filme".
Em relação aos documentários, defendeu a validade da aquisição dos direitos de exibição, afirmando que são projetos que potencializam as produções gravadas no Forte do Barbalho, espécie de quartel-general do Bahia Film Comission, também vinculado à Secult.
Pola negou que o governo estivesse favorecendo o curta Cães somente porque é uma produção dirigida por um ocupante de cargo público, no caso, o diretor do TCA, Moacyr Gramacho. Assim como o Irdeb, o teatro também é vinculado à Secretaria de Cultura (Secult). "Não fizemos nenhum contrato com o Moacyr. Ele é apenas diretor de arte, não tem direitos patrimoniais sobre a obra, foi convidado para dirigir o filme", assinalou. "Se ele fosse o dono da produtora, aí sim, haveria problemas. Fizemos tudo de forma transparente" , afirmou.
Pola lembrou também que, em 2008, o Irdeb prestou o mesmo apoio a outras realizações, como o longa-metragem Cascalho, de Tuna Espinheira, que recebeu cerca de R$ 30 mil para finalizar um making of, em troca dos direitos de exibição. A direção de arte de é assinada pelo mesmo Moacyr Gramacho.
O dono da produtora DocDoma, Lula Oliveira, ratifica as opiniões do diretor do Irdeb. "Moacyr é um artista de primeira linha, premiado no Festival de Gramado. Não mexeu uma palha para captar os recursos. Tudo quem fez fui eu, como produtor do projeto", disse.
"O contrato com o Irdeb foi assinado por mim. Moacyr foi contratado para dirigir o filme e nem fazia parte da equipe durante o processo de captação de recursos para finalização do filme, que trouxe reconhecimento para a Bahia. Isso tudo é lamentável", protestou o cineasta, que também é presidente da Associação Baiana de Cinema e Vídeo.
O diretor do TCA, Moacyr Gramacho também rechaçou a hipótese de ter havido facilidade na captação de recursos pelo fato de ser funcionário do governo ou da sua participação ferir princípios éticos. "Não fui eu quem recebeu o apoio. Não ganhei dinheiro para fazer o filme. O meu trabalho foi apenas de produção artística", lembrou.
Ele aparece na ficha técnica do curta-metragem Cães como diretor da produção e representou o filme na solenidade de premiação do Festival de Brasília, juntamente com Lula Oliveira e o também diretor Adler Paz, quando receberam o troféu Candango em três categorias: Melhor Fotógrafo (Pedro Semanovischi) , Melhor Ator (Hilton Cobra) e Melhor Filme pelo júri da crítica.
PREMIADO – Lula Oliveira explicou que o roteiro de Cães foi o vencedor de um edital da Petrobras, no valor de R$ 60 mil, no final de 2007, mas que a impossibilidade de serem suficientes para custear toda a produção foi percebida desde o início.
"Terminamos de filmar o curta no mês de junho de 2008, mas não restou recursos para a sua finalização, ou seja, para transformá-lo de vídeo digital para película", explicou. A idéia de buscar apoio do governo foi motivada após a seleção do curta para o Festival de Brasília.
Lula falou da angústia gerada pela falta de tempo disponível para levantar recursos e atender a exigência do festival de que os filmes sejam finalizados em 35 mm. "Sabíamos que não daria tempo de buscar as verbas do Fundo de Cultura", disse ele, lembrando qual é o percurso normal para captar verbas do governo.
"Então, cheguei para o governo e falei: estamos indo para o festival de cinema mais importante do País, precisamos finalizar o filme", relatou. Segundo ele, o governo mostrou sensibilidade ao priorizar os interesses do Estado. "A Bahia inteira e todo o cinema baiano estaria representada no festival", argumentou.
PEÇAS NÃO CONTARAM COM SENSIBILIDADE
Por Ceci Alves
O cineasta Lula Oliveira propala, em suas declarações, a benevolência que o governo do Estado, via Secretaria de Cultura, teria tido com o produto cultural realizado por sua empresa. Pena que não tenham gozado da mesma sensibilidade da Secult as peças Barrela e Uma Mulher Vestida de Sol, da Cia. de Teatro Gente, e Zona Contaminada, da Arte Sintonia Companhia de Teatro, que solicitaram à Fundação Cultural do Estado (Funceb), sem sucesso, em março último, ajuda para a compra de passagens aéreas para representarem a Bahia no Festival de Teatro de Curitiba, maior evento de artes cênicas do País. O FTC teve,
este ano, um público de 180 mil pessoas.
As peças tiveram seu pedido negado porque, segundo a avaliação da coordenação da área de teatro da Diretoria de Música e Artes Cênicas da Funceb, regida, à época, por Ernesto Valença, a prioridade do mês de março seria "o apoio a atividades relacionadas às comemorações do Mês Mundial do Teatro e Nacional do Circo", e a ida de peças baianas ao Festival de Curitiba, no Paraná, não se inscreveria nessa intenção.
Eis a resposta de Valença sobre a representatividade da ida de peças baianas a um evento como o Festival de Curitiba: "A direção de teatro decidiu que o melhor a fazer era priorizar as atividades comemorativas relacionadas ao marco do teatro e circo em Salvador, e participar do Festival de Curitiba não tem a ver com o marco do teatro e circo na cidade".
À Secult, pois, cabe esclarecer qual seria o real caminho das pedras para o seu pote de ouro.
Interessante, muito interessante, gostaria de saber se um outro funcinário pode concorrer a algum edital ou receber algum cachê assim, sem mais nem menos. Tristes tempos
Fátima B.
um teatro sem que ninguém ganhe e sem que ninguém veja. me pergunto sobre isso cada vez mais, a cada peça que vejo ser feita dessa maneira. Não sei onde vai dar, nunca achei a resposta. Mas eis que é um excelente questionamento!
O presidente da Associação de Blocos e Trios de Salvador, Fernando
Boulhosa, integrante do Conselho Municipal do Carnaval, acusou a
Bahiatursa e o secretário de Cultura, Márcio Meirelles, de serem os
responsáveis pela polêmica com a família de Dorival Caymmi pelo uso da
imagem do cantor no tema do Carnaval 2009. O empresário isentou o
Conselho em entrevista ao jornalista Marrom, do Correio, alegando que
Zitomi, o representante da Bahiatursa na folia, e Meirelles garantiram
que tudo já estava acertado com o clã Caymmi, o que se revelou falso
Tudo soa falso nesse governo governo do PT
Como um leitor pode aqui citar uma pessoa como esse "presidente" da Associação de Blocos e Trios de Salvador, Fernando
Boulhosa, integrante do Conselho Municipal do Carnaval, que é simplesmente um coveiro do Carnaval, um dos responsaveis da privatização do Carnaval (graças a ex prefeita Lidice da Mata), uma pessoa que declarou seu racismo contra a população homsexual, que nao disponibiliza as contas financeiras da empresa de ele, cuja o functionamento ficou totalmente opaco com grandes movimentos financeiros, etc. etc.
Eu digo isso com maior tranquilidade sendo uma pessoa que de maneira algum pode aceitar algumas derivas da secretaria de cultura da bahia (secult). Então, criticar sim, mas citando pessoas dignas e limpas !
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