sábado, agosto 02, 2008

O poeta está nu

Sempre resisti a mostrar meu lado poeta. Ofício que exerço bem antes da música e do teatro. Meu pai, meu maior crítico, sempre tentou incentivar que eu escrevesse e publicasse poesia. Mas se com música e teatro a coisa já está difícil, cadê o estímulo?

Eis que surge a possibilidade de ter alguns poemas publicados numa edição portuguesa (capa ao lado). A publicação diVersos, poesia e tradução, das Edições Sempre-em-Pé, pretende mapear a poesia mundo afora, além de trazer para Portugal o conhecimento de obras em outras línguas.

Através do convite do editor José Carlos Marques, enviei o que de menos pior eu tinha e lá foram selecionados, por eles, seis poemas. Ou é o começo do fim, ou é o fim do começo? Bem, publiquei. Agora, seja o que as musas quiserem. Abaixo, segue um dos sonetos publicados, que, pela temática, tem mais a ver com um blog chamado Teatro NU, já que aqui não é coluna social da minha vida...

TCHEKOV
A gaivota que voou em cena,
Pousou no ombro do encenador.
De lá voou pra além do bastidor
E foi sumindo, ficando pequena

Até virar saudade. Uma pena,
Apenas, lá no chão, lembrava a dor
De ver morrer também o seu autor
E uma arte que luta com a antena

Da tv, com a tela do cinema...
Mas ressuscita a cada personagem
Que desconstrói e reconstrói a trama.

E vive a arte. Pois não há problema:
O homem sempre busca sua imagem
Buscando no outro aquilo que se ama.

Por Gil Vicente Tavares
gvtavares@uol.com.br

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