“Quando o homem está na arte não está na vida e vice-versa”.
Mikhail Bakhtin
A discussão sobre os limites entre a arte e a vida nunca se esgota, e já provocou acalorados debates ao longo da história. Há um eterno vai-e-vem de definições, elucubrações e críticas. Quando um dos lados está sobressaindo-se, vem o outro e o questiona, quando não o derruba. Mas penso que deva haver alguma diferença entre ficção e realidade.
Mesmo Zola, ao defender o drama como um pedaço de vida, não pretendia trazer a vida ao palco, e sim representá-la através da ficção. O drama realista é mais formal, racional e urdido que qualquer outro, portanto, revés da vida – que se atropela no inusitado, no inconstante, no impreciso.
Ortega y Gasset, em seu Desumanização da arte, diz-nos que “... a percepção da realidade vivida e a percepção da forma artística são, em princípio, incompatíveis por requererem uma acomodação diferente em nosso aparelho receptor” (Ortega y Gasset, 2005, 46), e adiante; “O poeta começa onde o homem acaba. O destino deste é viver seu itinerário humano; a missão daquele é inventar o que não existe. Desta maneira se justifica o ofício poético. O poeta aumenta o mundo, acrescenta ao real, que já está aí por si mesmo, um irreal continente” (idem, 2005, 54).
Há uma clara preocupação em distinguir a criação artística, coloca-la no plano da subjetividade. E parece-me que uma das principais funções da arte é possibilitar, no homem, uma transcendência do seu cotidiano, do seu dia-a-dia. “Só a metáfora nos facilita a evasão e cria entre as coisas reais recifes imaginários, florescimento de ilhas sutis” (ibidem, 2005, 57).
Percorrer as ilhas sutis da poesia, da arte, é um movimento de saída de si para retornar a si mesmo, no mais íntimo da subjetividade. Aquele lugar aonde ninguém chega, ninguém toca. E é este lugar que talvez esteja murado, recôndito, esquecido ou ignorado.
A questão da subjetividade, ou sua ausência e recusa, parecem ser questões cruciais para se refletir sobre alguns fenômenos recentes na cultura brasileira e, mais precisamente, baiana.
Mikhail Bakhtin
A discussão sobre os limites entre a arte e a vida nunca se esgota, e já provocou acalorados debates ao longo da história. Há um eterno vai-e-vem de definições, elucubrações e críticas. Quando um dos lados está sobressaindo-se, vem o outro e o questiona, quando não o derruba. Mas penso que deva haver alguma diferença entre ficção e realidade.
Mesmo Zola, ao defender o drama como um pedaço de vida, não pretendia trazer a vida ao palco, e sim representá-la através da ficção. O drama realista é mais formal, racional e urdido que qualquer outro, portanto, revés da vida – que se atropela no inusitado, no inconstante, no impreciso.
Ortega y Gasset, em seu Desumanização da arte, diz-nos que “... a percepção da realidade vivida e a percepção da forma artística são, em princípio, incompatíveis por requererem uma acomodação diferente em nosso aparelho receptor” (Ortega y Gasset, 2005, 46), e adiante; “O poeta começa onde o homem acaba. O destino deste é viver seu itinerário humano; a missão daquele é inventar o que não existe. Desta maneira se justifica o ofício poético. O poeta aumenta o mundo, acrescenta ao real, que já está aí por si mesmo, um irreal continente” (idem, 2005, 54).
Há uma clara preocupação em distinguir a criação artística, coloca-la no plano da subjetividade. E parece-me que uma das principais funções da arte é possibilitar, no homem, uma transcendência do seu cotidiano, do seu dia-a-dia. “Só a metáfora nos facilita a evasão e cria entre as coisas reais recifes imaginários, florescimento de ilhas sutis” (ibidem, 2005, 57).
Percorrer as ilhas sutis da poesia, da arte, é um movimento de saída de si para retornar a si mesmo, no mais íntimo da subjetividade. Aquele lugar aonde ninguém chega, ninguém toca. E é este lugar que talvez esteja murado, recôndito, esquecido ou ignorado.
A questão da subjetividade, ou sua ausência e recusa, parecem ser questões cruciais para se refletir sobre alguns fenômenos recentes na cultura brasileira e, mais precisamente, baiana.
GVT.
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